Acidente e morte em Urucu

Um trabalhador faleceu com malária e outro sofreu fratura exposta dos dedos do pé, ambos terceirizados, um da W Pereira e outro da Parente Andrade, respectivamente, prestadoras de serviços da Petrobrás na UO-AM.
O trabalhador da empresa W Pereira, Lázaro Cordeiro Porfírio, de 64 anos, cozinheiro de um rebocador, passou mal durante uma viagem de trabalho, na madrugada do dia 21 de outubro. O terceirizado foi levado a Urucu, onde se constatou o quadro de malária. Lázaro Porfírio não resistiu e veio a óbito na mesma madrugada.

Em nota, a empresa afirma que o trabalhador não adquiriu a doença em Urucu. ?Ele já apresentava quadro febril, o que indicou que a malária não foi contraída em Urucu?, afirmou a companhia. No entanto, é fundamental ressaltar que a malária é uma doença tropical da Amazônia e que tem cura se tratada a tempo. Ou seja, caso todos os procedimentos de SMS da Petrobrás fossem cumpridos, a vida desse companheiro poderia ter sido poupada. Mas bem se sabe que a única preocupação das gerências de SMS da Amazônia é cortar gastos.

A situação ainda foi pior, já que o corpo do trabalhador foi enviado para Coari e chegou ao município sem qualquer estrutura para garantir dignidade ao tratamento pós-morte, já que foi transladado, de improviso, em uma pick-up, que precisou rodar por horas até encontrar o delegado do IML.

Já Lindoval Alves do Nascimento, 56 anos de idade, operador de motosserra da Parente Andrade, foi atingido no pé esquerdo por um tronco de árvore, o que lhe rendeu fratura exposta dos dedos. Ele trabalhava na clareira da locação NIG-1 (Nascente do Igarapé Ingá), a cerca de 100 km de Urucu, quando sofreu o acidente. O trabalhador é contratado da ?gata? há três anos e possui mais de 20 anos de experiência. Lindoval Nascimento está recebendo acompanhamento em Manaus (AM). Representantes do Sindipetro PA/AM/MA/AP e da CIPA farão parte de uma comissão que investigará o acidente.

É preciso denunciar as condições de trabalho as quais esse companheiro é submetido. Ele recebe por produção, ou seja, por árvore derrubada. Sua atividade é desempenhada sem a menor condição de segurança. Além disso, recebemos informações de que a terceira não oferece o menor conforto de acomodação e serve ?ração humana? como alimentação aos trabalhadores. Relatos afirmam que companheiros chegam a dormir no chão e que a ?ração humana? servida pela Parente Andrade não serve nem aos cachorros.

É explícito o descaso que a companhia tem com seus trabalhadores terceirizados, os quais são explorados ao extremo e sem garantias mínimas, já que a companhia é conivente com os desmandos das ?gatas?.

Os ocorridos foram denunciados durante a reunião de ACT, no dia 23, ao gerente executivo de SMS, que ficou ?estarrecido? com o relato. Esperamos que a suposta surpresa do gerente executivo se reverta em responsabilidade e humanidade da companhia com seus prestadores de serviço. Mais uma vez exigimos respeito à vida dos trabalhadores, sejam eles próprios ou terceirizados!

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