25 de Novembro
DIA NACIONAL DE LUTA CONTRA A VIOLÊNCIA À MULHER
O encontro do MML (Movimento Mulheres em Luta) em Sarzedo – MG, que contou com a presença de 2 mil mulheres entre os dias 4 e 6 de outubro, entre elas dezenas de petroleiras de bases de todo o Brasil, incluindo uma delegação de petroleiras do Litoral Paulista, tirou como resolução prioritária o dia 25 de Novembro como Dia Nacional de LUTA CONTRA a Violência à Mulher.
Em várias cidades de diferentes estados do país serão realizados atos e distribuição de materiais para conscientizar a população e os trabalhadores que a violência à mulher é um problema que divide a luta dos trabalhadores. A classe trabalhadora deve entender que a violência às mulheres, companheiras e trabalhadoras, enfraquece a luta e afasta as mulheres da vida política, e que isso traz uma consequência grave: o ataque cada vez maior aos direitos de toda a classe pelos patrões e governos.
E afirmamos mais: o índice de violência e machismo que as mulheres estão submetidas não expressa apenas o nível de consciência atrasado e machista da classe trabalhadora no país e no mundo, mas expressa o nível de opressão e exploração cada vez maiores a que estão submetidos todos os trabalhadores do mundo.
NEM DILMA, NEM GRAÇA FOSTER MUDARAM A SITUAÇÃO DAS MULHERES
Infelizmente, ter uma mulher na Presidência da República não representou redução da violência contra as mulheres brasileiras, nem muito menos garantiu a aplicação e ampliação da Lei Maria da Penha. Fato que se comprova pelas estatísticas. No Brasil, no período de 2001 a 2011, estima-se que ocorreram mais de 50 mil feminicídios, o que equivale a aproximadamente 5 mil mortes por ano.
Ou seja, todos os dias cerca de 14 mulheres são mortas por feminicídios (mortes ocasionadas por conflitos de gênero, crimes cometidos principalmente por parceiros ou ex-parceiros decorrentes de situações de abusos no domicílio, ameaças ou intimidação, violência sexual, geralmente em situações em que a mulher tem menos poder ou recursos que o homem). Também não é verdade que ter uma Presidente mulher na Petrobrás garante os direitos às mulheres trabalhadoras, ou garante que as mulheres não sofram abusos sexuais no trabalho.
Deixamos claro que REPUDIAMOS totalmente qualquer forma de tratamento dispensado às mulheres por seus colegas, supervisores, fiscais ou gerentes, que utilizam suas posições na empresa para agredir, assediar, acuar e humilhar com a intenção de obter vantagens sexuais ou pessoais de qualquer ordem.
E no que depender de nós, mulheres, essas pessoas devem ser demitidas e receber as punições civis e criminais aplicáveis.
As mulheres trabalhadoras, pobres e negras, são as que estão mais sujeitas a esse tipo de violência, pois são quem andam por ruas mal iluminadas, frequentam os transportes públicos, local aonde ocorrem muitos casos de assédio sexual e estupro, e quem possui menos amparo social e jurídico para enfrentar essa realidade. Também são as mulheres mais pobres e negras que morrem por abortos clandestinos.
A GREVE E AS PETROLEIRAS
A greve realizada pela categoria neste ano, se enfrentando com o Leilão de Libra, do governo Dilma, e os ataques da Petrobrás, foi realmente histórica. Colocou os petroleiros em luta, numa mobilização que nos encheu de orgulho.
O mesmo vale para as trabalhadoras petroleiras. A participação das mulheres no movimento aumentou e isso pudemos atestar pela presença maior e mais frequente de companheiras nas assembleias da categoria. Sabemos que, infelizmente, os espaços da categoria ainda são majoritariamente masculinos, mas esta greve nos mostrou que é possível, sim, reverter este cenário e possibilitar que as companheiras também participem das assembleias, piquetes e greves de maneira muito mais direta.
Mas para isso é preciso garantir todo o suporte e isso inclui a adoção de creches nas atividades do sindicato, seja nos debates, seja nas assembleias. Isso porque as mulheres ainda sofrem com a dupla jornada, tendo que trabalhar fora e dentro de casa, recaindo sobre os seus ombros os cuidados dos filhos. Com isso, muitas vezes ficam impossibilitadas de se envolver na vida política e sindical.
Reverter este cenário não fortalece apenas as mulheres, mas fortalece também e principalmente toda a categoria e a luta cotidiana contra a exploração e o machismo.
REIVINDICAÇÕES DAS MULHERES PETROLEIRAS
– Fim da terceirização, que ataca as condições de trabalho da mulher
– Banheiros femininos em todos os espaços da empresa
– Camarotes exclusivos e em maior número às petroleiras embarcadas
– Política efetiva de combate ao assédio moral e sexual
– Afastamento dos chefes que assediarem as mulheres petroleiras
– Uniformes específicos para as mulheres petroleiras
– Sem discriminação para cargos operacionais ?de risco?
– Creche custeada 100% pela Petrobrás
NÃO AO BOLSA ESTUPRO!
Em 2012, o país teve mais de 50 mil casos de violência sexual contra mulheres. Nesse contexto, está em discussão no Congresso Nacional a ?Bolsa Estupro?. Este projeto prevê que a mulher estuprada abriria mão do seu direito legal de interromper a gravidez resultante do ato de violência a que foi submetida. O estuprador teria o nome na certidão de nascimento, como pai da criança, e a mulher receberia uma bolsa por isso. Um verdadeiro absurdo!
Nas manifestações de Junho, milhares de mulheres levantaram cartazes contra esse projeto, que além de não resolver o problema da violência sexual, retrocede na luta pela legalização do
aborto no Brasil.
Esta reportagem é um extrato do boletim produzido pelo Departamento de Mulheres do Sindipetro-LP. Clique aqui para ler o boletim na íntegra, em PDF.