As multas não vão servir pra nada, a expropriação sim

Por Américo Gomes*

O ?Grupo de Acompanhamento? criado para fiscalizar as medidas que vem sendo tomadas pela Chevron para conter o vazamento de óleo concluiu que o processo de cimentação do poço, iniciado na madrugada do dia 15, tem dado “resultados positivos, com redução substancial do vazamento”

O grupo é formado pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) e a Marinha.

Mas o próprio Secretário estadual de Ambiente do Rio de Janeiro, Carlos Minc, afirmou o contrário, “o óleo continua vazando sim, e que serão necessárias mais cinco operações de cimentação para vedar completamente o poço”. Além disso, acrescentou que o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) não apresentou a falha geológica que foi identificada e que isso era um “erro gravíssimo”. Este acidente está se mostrando um “festival de erros”.

Enfim, a mancha é muito grande e o óleo continua vazando. Está poluindo o litoral fluminense, afetando a biodiversidade, e a Chevron sonegando informações. Isso ocorre por que não existe interesse do governo Dilma em endurecer os processos de licenciamento ambiental e nem de se fazer cumprir a própria legislação ambiental: o que vem em primeiro lugar é a garantia dos lucros das grandes multinacionais.

Por isso não há investimentos em fiscalização e o IBAMA está sucateado. Agora a política do diretor-geral da Agência Nacional do Petróleo, Haroldo Lima, é de aplicar ?multas pesadas? pelos acidentes, mas os valores só serão definidos depois de controlado o vazamento. E podem ter certeza que serão irrisórios frente aos bilhões de dólares de lucro que têm a empresa.

Inclusive o mais importante para a empresa é que a produção foi mantida no campo Frade. O volume diário de produção continua de aproximadamente 79.000 barris de óleo equivalente por dia.

Privatização aumenta a precarização

Com a abertura da indústria brasileira de petróleo nos anos 90, durante o governo FHC, reafirmada pelos governos de Lula e Dilma, o país passou a leiloar campos estratégicos, a maioria arrematados por multinacionais.

O campo de Frade, onde ocorreu o vazamento da Chevron, é o oitavo maior produtor do país individualmente. Em setembro, ele produziu 74,768 mil barris de óleo e 899,35 mil metros cúbicos de gás. Outros campos estratégicos, como Ostra e Peregrino, também são operados por multinacionais: Shell e Statoil, respectivamente.

Expropriar a Chevron sem nenhuma indenização

Temos que defender a retomada do monopólio estatal, através da Petrobrás 100% estatal e pública, além da destinação social dos recursos gerados pelo petróleo e gás natural. Para isso temos que ir JÁ contra os leilões de concessão.

E, frente a este acidente e o desrespeito as leis nacionais, efetivado por esta empresa, temos que exigir que o governo Dilma – que diz defender os interesses dos trabalhadores e a soberania nacional – EXPROPRIE A CHEVRON SEM NENHUMA INDENIZAÇÃO e assuma o controle da produção de seus poços de petróleo.

Fonte: *Américo Gomes é advogado, com especialização em Política e Relações Internacionais membro do ILAESE. Editado pela Agência Petroleira de Notícias

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp