Nova licitação que seria feita este ano na cidade deve sair apenas após conclusão da CPI sobre transporte urbano
Entre 2011 e 2012, empresas de ônibus da cidade de São Paulo chegaram a aumentar seu lucro líquido em até 2.056%. Planilhas de custo das empresas que operam o serviço de transporte urbano na capital, disponíveis em arquivos da Secretaria municipal de Transportes e divulgadas também pelo Fórum de Transparência e Controle Social de São Paulo, apontam o lucro líquido de cada empresa em 2012 e 2011.
No caso da Viação Santa Brígida, por exemplo, que opera na área 1 da cidade, demonstrações dos resultados dos exercícios da empresa nos dois anos mostram que seu lucro líquido passou de R$ 340.735 em 2011 para R$ 7.346.690 em 2012, variação de 2.056%.
Outro exemplo que pode ser citado é o da Viação Campo Belo, que explora o serviço na área 7 de São Paulo. Seu lucro líquido foi de R$ 3.981.603 em 2011 para R$ 39.680.300 em 2012 ? variação de 896%. No caso da Transpass, que opera na área 8, o lucro líquido variou 165%: foi de R$ 3.972.964 em 2011 para R$ 10.543.859 em 2012. E a Cidade Dutra, da área 6, teve lucro líquido de R$ 1.065.093 em 2011; no ano seguinte, passou para R$ 2.570.074, o que equivale a uma variação de 141%.
Segundo a SPTrans, órgão responsável pelo transporte urbano na cidade de SP, a margem de lucro das empresas do setor é de cerca de R$ 400 milhões por ano.
Foi o Fórum de Transparência e Controle Social de São Paulo quem pediu à Câmara municipal que a nova licitação que seria feita na cidade este ano, quando vencia a atual licitação, fosse cancelada. Os contratos atuais acabaram prorrogados por mais um ano, para que fosse debatido um novo modelo de licitação para o transporte urbano na capital. A nova licitação deve sair somente após as conclusões dos trabalhos da CPI atualmente instalada na Câmara municipal sobre os transportes em São Paulo.
Ontem, O GLOBO mostrou que metade das capitais não tem licitação de ônibus urbano, e que empresas e empresários do ramo estão inscritos na dívida ativa da União com um montante de quase R$ 3 bilhões em dívidas previdenciárias e tributárias; apesar disso, parte continua a ganhar licitações.
A supervisão do transporte público também é um problema. Em matéria publicada hoje, O GLOBO revela que a fiscalização do transporte urbano apontam deficiências e desafios para o setor nas capitais brasileiras. Secretários de Transportes da cidade do Rio e do Distrito Federal, além do diretor do Detro, que responde pelas linhas intermunicipais do Estado do Rio, incluindo as da Região Metropolitana, reconhecem que o número de agentes para fiscalizar os mais de 21 mil ônibus que circulam nessas regiões é insuficiente.
Em Belo Horizonte, o presidente da BHTrans, órgão responsável pelo transporte urbano na capital, também afirma que os 18 agentes que cuidam exclusivamente da fiscalização in loco dos ônibus não são suficientes para a frota de 3.054 veículos, mas ressalva que a prefeitura tem investido em fiscalização eletrônica, presente em todos os ônibus e responsável pela maior parte das multas ao sistema.
Em São Paulo, o valor das multas aplicadas na Região Metropolitana da capital este ano até junho ? R$ 2,34 milhões ? já é maior do que a soma das multas de todo o ano passado; lá, são 167 fiscais para 4.897 ônibus espalhados por 39 cidades.
Fonte: O Globo