?Sempre tive muito orgulho de trabalhar na Petrobrás, porque é a maior empresa do país, mas não posso mais me orgulhar da empresa que não fez nada até agora pra reverter uma injustiça?. Com esse desabafo, Paulo Sergio sintetizou a atual política da companhia para os mais de 320 mil trabalhadores terceirizados espalhados em suas unidades.
Paulo Sérgio era terceirizado do Edise e foi demitido pela Luso Brasileira, empresa de limpeza, por liderar as reivindicações da categoria por melhores condições de trabalho. Nem greve havia feito ainda. Junto com ele, mais dois foram perseguidos e demitidos.
A declaração de Paulo foi feita durante negociação da FNP com a Petrobrás, na última terça-feira (10/06). Em pauta, terceirização e AMS.
Os dirigentes lembraram que a onda de greves que sacode o país também atinge a maior companhia do país e apresenta como principal característica a luta por melhores condições de trabalho. Questões como alimentação e transporte precários, calotes, demissões irregulares, perseguições são algumas das irregularidades comuns nas paralisações deflagradas no Comperj, na RPBC e muitas outras bases.
Em alguns casos, mais do que isso o que é identificado é uma completa segregação, seja de cunho social, seja de cunho racial. No Edise, por exemplo, os trabalhadores terceirizados do setor de limpeza são proibidos de usar a copa e não podem utilizar o próprio banheiro que limpam. Uma completa invisibilidade, completamente marginalizados. Antes da reunião, os trabalhadores demitidos da Lusa tiveram dificuldade para subir até a reunião e foram literalmente escoltados por um contingente de segurança.
Neste sentido, a FNP cobrou a aplicação do Fundo Garantidor, que até agora não apresentou resultado efetivo. Segundo a empresa, isso se deve ao fato de que ele está valendo a partir de março, sendo necessário ainda um tempo para que passe a valer em todos os contratos. Para além disso, foi cobrado principalmente mais disposição política para resolver uma série de injustiças que podem ser resolvidas numa ?canetada?.
Se por um lado a omissão e negligência da companhia são gritantes, no que toca aos direitos desses trabalhadores, por outro lado não podemos deixar de lembrar a disposição e aliança da companhia com essas empresas para prejudicar a atuação sindical dos sindipetros e entidades de classe, seja por meio de interditos proibitórios, seja influenciando na ?escolha? dos sindicatos que devem representar esses trabalhadores.
Por fim, a FNP voltou a denunciar a existência em diversas unidades de um processo de terceirização nas atividades-fim da empresa. Uma das consequências do PIDV, por exemplo, já tem sido a tentativa de diversos gerentes de preencher as vagas abertas com trabalhadores terceirizados. Outro aspecto levantado é o afretamento de várias plataformas na Bacia de Santos, inclusive aquelas programadas para serem operadas por petroleiros crachá-verde como P-66, P-67 e outras.
AMS
Em relação à AMS, a FNP voltou a cobrar mais agilidade nas consultas agendadas para o PASA e o fim das negativas e excludentes, reafirmando a bandeira por uma AMS de qualidade, 100% custeada pela empresa. Segunda a Petrobrás, nas cidades já implantado o novo sistema (Rio de Janeiro, São Paulo e Salvador) de PASA ainda há pouca procura. Diante disso, a FNP voltou a reivindicar a ampliação da divulgação do serviço, que deve ser estendido para Santos, conforme garantido no ACT.
Uma empresa que gasta somente 3% com política de Recursos Humanos, muito inferior ao identificado em outras estatais, tem totais condições de oferecer um plano de assistência muito mais eficiente. Parte disso é a qualificação do atendimento ao usuário, hoje praticado por trabalhadores terceirizados, cuja realidade é pouco treinamento e alta rotatividade.