A Revista Veja, edição nº 2385, de 5 de agosto, publicou reportagem em que sub-repticiamente acusa três partidos políticos (PSOL, PT, PSTU) e sindicatos de financiarem atos violentos. Os sindicatos são Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ), Sindsprev e Sepe-RJ (Professores do Rio de Janeiro).
Um repórter da Veja chegou a ligar para alguns dirigentes. Mas, numa atitude de má fé, deturpou o conteúdo das falas. Provavelmente a revista não dará direito de resposta aos entrevistados, que se sentiram usados.
A linha editorial da Veja é de extrema direita e tem todo o direito de sê-lo. Na capa do dia 30 de julho de 2014, a manchete é ilustrativa. Diz: ?APAGÃO NA DIPLOMACIA ? Silêncio sobre o crime do Boeing cometido pela Rússia, ataque a Israel, o alvo número Um do terror, e, em Brasília, tratamento servil ao ditador de Cuba mostram a falência moral da política externa de Dilma.? Em qualquer parte do mundo, essa chamada seria considerada, do centro à esquerda, como ?O suprassumo do reacionarismo?. A Veja é pródiga nesse sensacionalismo deslavado.
Mas o fato de assumir e defender com parcialidade e de forma escandalosa essas ideias retrógadas não deveria justificar o desvirtuamento das ?falas? dos entrevistados. Nem citações de nomes de pessoas, entidades e partidos, em contextos de manipulação grotesca, que induz o leitor a conclusões erradas.
A Revista Veja pode, impunemente, julgar e condenar partidos e entidades sem dar-lhes sequer direito legal de defesa? Isso é liberdade de expressão ou dano moral? É preciso que os assinantes e leitores saibam que também são vítimas dessa manipulação.
No mais o juiz Siro Darlan que julgou os ativistas presos por suspeita de atos violentos, no Rio, demonizados pela mídia, mandou soltar todos. Já a reportagem maldosa da Veja, quem vai julgar? Urge regular a mídia. O Brasil é talvez o único país de grande projeção no cenário internacional, inclusive membro dos BRICS, onde a imprensa grande se considera acima da lei, monopoliza a opinião, ofende e agride pessoas e instituições e confunde manipulação com liberdade de expressão.
*Emanuel Cancella é diretor do Sindicato dos Petroleiros do Rio de Janeiro (Sindipetro-RJ)