Congresso debate combate à privatização e corrupção e sai em defesa de uma Petrobrás 100% Estatal

A manhã de sábado do 8º Congresso Nacional da FNP começou com um debate sobre a conjuntura política da Petrobrás e da campanha do ?O Petróleo é Nosso?. Participaram do debate Nazareno Godeiro do ILAESE, Emanuel Jorge Cancella pelo Comitê de Campanha e representantes dos sindicatos da FNP.

Nazareno iniciou sua exposição ao chamar atenção sobre a importância de discutir e defender a Petrobras para os trabalhadores. ?A classe trabalhadora brasileira tem 100 milhões de pessoas. Essa classe trabalhadora teve a força para eleger um presidente contra tudo e contra todos?, contextuou.

?O problema foi quando essa liderança operária chegou ao poder. E agora tem gente confusa que não sabe mais quem é o inimigo?, completou.

Expandindo o debate para a privatização, desnacionalização e recolonização do Brasil, Nazareno analisou que ?o Brasil foi sendo desindustrializado a partir da década de 1990, passando a ser fornecedor de matéria-prima para a China. O neoliberalismo foi um retrocesso social e nacional com perda de milhões de postos de trabalho, a desindustrialização do parque nacional, aumentou a dependência do mercado externo, impôs a terceirização para aumentar a superexploração dos trabalhadores, corrupção generalizada?.

Hoje, a economia mundial está concentrada na mão dos banqueiros, mais especificamente nas mãos de duas famílias que controlam milhares de empresas, ou seja, controlam a base da economia no mundo. Neste contexto, ?o Brasil foi recolonizado com o neoliberalismo?, completou.

O efeito deste neoliberalismo é sentido na Petrobras, na estrutura da companhia. 86% do capital privado da Petrobras, hoje, pertence a grupos econômicos das duas famílias de banqueiros que controlam o mercado financeiro.

A privatização e leilão são outros efeitos do neoliberalismo no Brasil. ?22%, hoje, do que é extraído do pré-sal é de empresas estrangeiras. Daqui a cinco, anos essas empresas vão tirar U$S 14 bilhões de dólares por ano do pré-sal. Isso se elas ficarem como hoje e não aumentarem a sua participação na exploração?, explicou.

Outro feito é a terceirização, ?que é a porta de entrada da corrupção na Petrobras?. A companhia, hoje, tornou-se uma gerenciadora de contratos neoliberais com o aumento de milhares de terceirizados na empresa.

O endividamento generalizado é outro efeito do neoliberalismo sobre a Petrobras e pode quebrar a empresa. ?Tudo o que a Petrobras arrecada em um ano já é quatro vezes menor do que a empresa arrecada. Essa dívida está nas mãos de agiota. E essa dívida está atrelada a câmbio flutuante. Por isso que está essa agonia de tirar tudo do pré-sal e vender rapidinho. Existe uma campanha forte para desacreditar a Petrobras pela burguesia da Europa, dos EUA. Desinvestir é linha da burguesia, vende campos terrestres, vende tudo para focar no pré-sal para tirar o óleo e vender. E como uma empresa que dá lucro de U$S 80 dólares por barril pode dar prejuízo? A Petrobras está sendo desacreditada pelo mercado porque querem arrancar todas as riquezas da Petrobras sem resistência e levar para o estrangeiro. É por isso que a burguesia diz que só a Petrobras dá prejuízo e todas as outras petroleiras dão lucro. O desinvestimento para bancar o alto endividamento é um arrocho forte sobre o trabalhador?, contextualizou.

O aumento do preço da gasolina e o custo do barril do petróleo flutuam conforme a especulação do mercado. A gasolina subiu mais do que quatro vezes a inflação do fim dos anos 1990 pra cá. A produção nacional de petróleo cresceu 12% nos últimos anos, mas o valor do barril cresceu mais de 350% porque é o mercado quem determina o valor do barril, é pura especulação do mercado.

E desde o governo FHC não se cria refinaria no Brasil. E isso não é por acaso. Isso é efeito do neoliberalismo porque, hoje, ?o Brasil é obrigado a exportar óleo cru e importar refinados. É o jogo do mercado. O banqueiro está satisfeito porque nós estamos gastando menos com refinaria?, alertou.

Nazareno encerrou sua participação citando uma fala do ator Paulo Betti no documentário ?Rumos da Democracia?, produzido pelo Sindipetro/RJ. ?Acho que os petroleiros têm razão e devemos defender as jazidas de petróleo do país?.

Emanuel Cancella, da direção do Sindipetro/RJ, expôs sobre a campanha ?O Petróleo é Nosso?. Emanuel enfatizou que o futuro da Petrobras depende de nós, do que nós vamos deixar acontecer com a empresa. Apesar do PROCOP (programa de desinvestimento da Petrobras), a companhia está construindo quatro refinarias no país mesmo a contra gosto do mercado.

?Nós temos que sair dizendo para a sociedade que a Petrobras nunca foi sonegadora de impostos, banca mais da metade do PAC. E muita gente reproduz a falácia de que a Petrobras não tinha dinheiro para explorar o pré-sal. A Petrobras não vai quebrar nunca porque a Petrobras tem, no mínimo, 60 milhões de barris de petróleo. A única forma de quebrarem a Petrobras é maquiar números, é sabotarem a companhia?, detalhou.

Cancella lembrou que o Sindipetro/RJ foi acusado pela imprensa burguesa (Veja e o Globo) de financiar os manifestantes adeptos da tática Black Block. Segundo Cancella, ?nós financiamos sim, mas o transporte da estudantada que foi conosco lutar contra o leilão do pré-sal, naquela segunda-feira, lá na barra da Tijuca, no Rio de Janeiro?.

Sobre a questão do petróleo na eleição, Cancella afirmou que ?os candidatos à presidência não fazem nenhuma declaração a favor do petróleo nacional. É verdade que Lula e Dilma fizeram mais leilões do que FHC, mas o PSDB não queria nem leiloar, queria logo era privatizar?.

?O norte do Brasil tem que ser deixar de exportar matéria-prima e passar a ser exportador de produtos com valor agregado. O déficit da balança comercial por causa da importação de derivados deveria ser distribuído com as outras distribuidoras também de derivado. E isso não ocorre. A Petrobras assume tudo?, opinou.

O dirigente concluiu alertando sobre os riscos do fracking para a exploração do gás de xisto. ?Temos que fazer a discussão dos leilões de fracking. Há um movimento forte na Argentina, por exemplo, para impedir a exploração de gás por meio de fracking. Na Bahia, estão produzindo no recôncavo baiano, o que compromete os lençóis freáticos. Isso pode comprometer até o aquífero Guarani, o maior aquífero do mundo?.

Para conferir as fotos do segundo dia de Congresso, clique aqui

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