Cerca de 80 aposentados e pensionistas da FNP decidiram ocupar o Edifício Sede da Petrobrás (Edise), no Rio de Janeiro, depois que a presidente da estatal, Maria das Graças Silva Foster se negou a recebê-los. O grupo exige uma reunião com a chefe do executivo, para falar sobre a proposta oferecida no Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) aos petroleiros ativos e que não contempla os aposentados.
Segundo o documento, a empresa apenas se esforçaria junto à Petros para que as ações de níveis dos anos 2004, 2005 e 2006 fossem pagas aos aposentados e pensionistas que já haviam entrado ou não com ação judicial.
Em solidariedade aos manifestantes que ocupam o Edise, os petroleiros das refinarias de Alagoas e Sergipe, Amapá, Pará, Amazonas e Manaus, Rio de Janeiro, São José dos Campos e Litoral Paulista, farão paradas de uma hora, a cada troca de turno, a partir das 23h desta terça-feira (30), até que a presidente resolva receber uma comissão dos aposentados.
Se hoje os manifestantes ocupam o Edise, não foi por falta de tentativas de negociação mais burocráticas. Desde janeiro, com o fim do Grupo de Trabalho (GT), instituído pela própria Graça Foster, no qual a única proposta da empresa seria a concessão dos níveis de 2004 a 2006, que não foi paga, a FNP vem tentando marcar reuniões com a presidente para cobrar o que foi deixado de lado pelo grupo, como aumento real no salário base para toda a categoria; fim das remunerações variáveis, com sua incorporação ao salário base; fim da tabela congelada; aplicação das correções salariais dadas sob a forma de PCAC à ativa também aos aposentados e pensionistas; atendimento às reivindicações dos anistiados, entre outras.
Depois do empurra-empurra entre manifestantes e seguranças da empresa, que impediram os aposentados de entrarem nos elevadores para subirem no 23º andar do edifício, onde fica a sala de Foster, o grupo recebeu de representantes do RH da empresa a informação de que no dia 14 de novembro a presidente se reuniria com eles. Com os protestos do grupo, a reunião foi remarcada para o dia 7.
Cansados de promessas não cumpridas, os aposentados e pensionistas decidiram ficar no prédio até que a presidente decida negociar com a categoria. Com homens e mulheres na casa dos 70 e 80 anos, o grupo teve que se sujeitar a dormir no chão puro, porque os colchonetes conseguidos pela FNP e sindicatos não puderam entrar no prédio.
Para a FNP é uma afronta à dignidade do trabalhador petroleiro a forma com que a Petrobrás vem tratando os aposentados da categoria. O que está sendo cobrado da empresa nada mais é do que o retorno justo de parte do que foi entregue à companhia durante anos de trabalho duro e dedicação. Os ex petroleiros dedicaram os melhores anos de suas vidas para transformar a Petrobrás na empresa que é hoje, uma das mais poderosas no ramo petroquímico, com influência e crédito em qualquer país ou instituição financeira.
Mesmo com a brutalidade com que foram tratados pelos seguranças, a mando de seus superiores, que poderiam muito bem ter evitado um confronto se tivessem desativado temporariamente os elevadores, pois sabiam da intenção do ?rolezinho? até a sala da presidente, os manifestantes preferiram lutar por seus direitos, e por conseqüência por de toda categoria petroleira.
Todos escolheram ficar acampados no prédio mesmo sem local para dormir, alguns sem remédios substanciais para a manutenção de suas saúdes e sem a certeza de que serão recebidos pela presidente da Petrobrás. Tudo em nome de um ideal construído no passado. Se lá trás, com a ditadura em seus calcanhares, sem direitos garantidos, com a sociedade olhando-os torto por lutarem por objetivos comuns, não entregaram os pontos, não vai ser agora que deixarão que tirem o que foi construído com muito suor e sacrifício.