Petrobrás marca reunião com a FNP para tratar de assuntos levantados durante ocupação do edise

Após 32 horas ocupando o edifício sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro (edise), os mais de 80 aposentados e pensionistas conseguiram da empresa o compromisso de uma reunião com a comissão do grupo, no dia 7 de outubro (próxima terça-feira), às 10h, para tratar das reivindicações da categoria, como proposta de reajuste salarial, pagamentos das ações de níveis dos anos 2004, 2005 e 2006 entre outras reclamações dos ex-funcionários e seus dependentes.

Embora a vontade do grupo fosse ficar até ser atendido por Graça Foster, as condições impostas aos aposentados e pensionistas, com maioria de homens e mulheres com mais de 70 anos, foram determinantes para que os manifestantes aprovassem a reunião com o diretor do Corporativo e de Serviços, José Eduardo de Barros Dutra. O grupo passou a noite esperando por uma resposta da presidente, que negou a entrada de colchonetes, mesmo depois de ter sido combinado com os diretores representantes dos aposentados da FNP, que receberiam também material de higiene pessoal, tudo as custas da federação. Sem cadeiras ou sofás para se sentarem, os idosos tiveram que passar a noite sentados ou deitados no chão gelado.

Durante o protesto, que começou às 10h da terça-feira (30), vários veículos de comunicação da grande mídia cobriram a manifestação. Durante a noite, em um chamada ao vivo para o Globo News, a sociedade pode ver os manifestantes acenando, reclamando a falta de cuidado com os idosos, que não fica só na forma que a Petrobrás tratou o assunto.

Há 18 anos os “velhinhos”, como ironicamente foram chamados por colegas petroleiros que trabalham no edise, além de outras ofensas impublicáveis, tem visto seu poder de compra reduzir para pouco mais que um salário mínimo. A empresa não contempla a categoria com os mesmo benefícios dados ao pessoal da ativa. Logo em um período da vida em que o conforto não é um luxo, mas necessidade.

Com a proposta feita para o acordo coletivo de trabalho (ACT) para o pessoal da ativa, com reposição do IPCA e mais uma ninharia de aumento real (algo em torno de 3%), os aposentados decidiram reagir em busca de condições melhores.

Com o indicativo da Fup, para aprovação da proposta da empresa, entidade pelega que tem em sua diretoria figurões em cargos de confiança na Petrobrás, ganhando salários impensáveis para o trabalhador que batalha por um reconhecimento profissional sem puxar saco ou ?entrar no jogo?, os aposentados viram que por mais um ano seriam deixados de lado no ACT.

Com a repercussão do protesto, a entidade pelega quis ganhar o crédito da ação, dizendo em suas bases que havia promovido a manifestação em prol do aposentado. O mesmo aposentado que está ignorando, indicando a aprovação do acordo.

No início da tarde desta quarta-feira (1), após horas de apitaços feito pelos aposentados e pensionistas, dois representantes da Fup, que trabalham no edise, apareceram humildemente, se oferecendo para participarem da comissão junto com os diretores da FNP que representam o grupo, em reunião com o RH.

Sob vaias e apitaços, ambos foram expulsos da manifestação, com gritos de pelegos, vendidos, mentirosos etc. Se até aquele momento a federação vendida não se manifestou em defesa dos aposentados, não seria em um momento histórico, para os manifestante e para a FNP, que o mérito seria dividido.

A conquista da negociação é exclusivamente dos aposentados e pensionistas, que deixaram o conforto de suas casas (muitos viajaram durante três dias, como os companheiros de Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte e outros por 14 horas, como os representantes do Litoral Paulista e São José dos Campos), para cobrarem seus direitos.

As conquistas dos aposentados não serão apenas para os afiliados à FNP, mas para todos os ex-trabalhadores e beneficiários do Sistema Petrobrás.

Os ?velhinhos? mostraram muita fibra e senso democrático, se manifestando, cobrando, exigindo seus direitos. Se hoje a Petrobrás é a empresa mais poderosa do país e uma das mais importantes do mundo, tudo começou nas mãos dessas pessoas. Foram elas que plainaram os terrenos onde hoje existem refinarias e edises.

Os aposentados e pensionistas saíram do edise cansados, mas satisfeitos por terem mostrado a si mesmos e para o RH que estão dispostos e com energia para muito mais. O apoio enviado aos aposentados pelos petroleiros de várias unidades do Brasil, que se manifestaram com paradas e palavras de incentivo, a admiração que o movimento despertou em funcionários que trabalham no próprio edifício sede, concursados e terceirizados, que se solidarizaram com a causa defendida e a união de forças com os bancários, desempregados e Sem Terra, fizeram do grupo mais forte, porque sabem que, se preciso, muitos outros atos como esse poderão acontecer.

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