No seu mais recente relatório sobre a estabilidade financeira global, o Fundo Monetário Internacional (FMI) estima que a proporção de ações de empresas de países emergentes, no total das alocações em ações dos investidores dos países desenvolvidos, aumentou de 7%, em 2002, para 10%, em 2012, chegando a US$ 2,4 trilhões. De maneira similar, as aplicações em bônus subiram de 4% para 10% em igual período, alcançando US$ 1,6 trilhões colocados em dívidas de países emergentes, por investidores das economias centrais.
Os números brutos dos totais investidos cresceram percentualmente ainda mais nestes dez anos, em virtude do aumento generalizado de recursos canalizados para os mercados financeiros globais, diante da farta oferta de dinheiro barato, pelos principais bancos centrais do planeta. Ao que tudo indica, porém, esta tendência está em franco processo de reversão. O Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês) calcula que somente em outubro foram sacados cerca de US$ 9 bilhões dos mercados acionários emergentes, ao passo que a emissão de títulos soberanos destes países caiu. Em contrapartida, o dólar sobe.
O FMI destaca, entre diversos fatores para tal reversão, está a queda na taxa de crescimento econômico dos países centrais, inferiores a crise de 2008. Foi sublinhado, também, o travamento na taxa de produtividade da maioria dos países. Por exemplo, a China, mesmo com o registro de 7,3% na elevação do seu PIB, no terceiro trimestre, é considerada como tendo desempenho abaixo do esperado. Tal quadro poderá afetar o Brasil (exportador de minério para a China, por exemplo), entre outros países exportadores de matérias-prima para o país asiático. Outro complicador para os países emergentes, apontado pelo FMI, é o crescimento baixo dos EUA, de 3,5% no terceiro trimestre.
A valorização do dólar, conforme destaca o Jornal do Commércio (RJ), é mais uma preocupação para os países emergentes, pelo menos no curto prazo. Para tal elevação é apontada a divergência quanto a políticas monetárias entre os bancos centrais mais poderosos – Federal Reserve, Banco Central Europeu e o Banco do Japão.
“Se esse movimento tectônico continuar, é capaz de causar um rali no dólar nos moldes dos anos 1990, com consequências potencialmente assustadoras para os mercados emergentes e perigosas implicações para o nosso altamente alavancado e altamente integrado sistema financeiro global”, avalia Kyle Brass, fundador e CEO da Hayman Capital Management.
(com informações do Jornal do Commércio)