?Estamos cansados com tantos acidentes nas áreas da Petrobrás”, adverte Bruno Dantas, diretor do Sindipetro AL/SE. Segundo levantamento informal, de janeiro até novembro soma 14 petroleiros mortos, entre próprios e terceiros, vítimas do descaso com a segurança. “Nosso sindicato e a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) não aceitam que a questão da segurança do trabalhador continue sendo tratada de forma secundária”, ressalta.
“A partir do Sindipetro e da federação temos fortalecido as denúncias dos problemas de gestão do SMS (Segurança, Meio Ambiente e Saúde), da redução do efetivo mínimo, da pressão para cumprir metas, do assédio moral, dos calotes e das ameaças de desemprego”.
Insegurança planejada
Ao invés de garantir condições seguras, a Petrobrás aplica o Programa de Otimização de Custos Operacionais ? Procop. Na prática esse programa representa corte de investimento em SMS, redução do efetivo mínimo e o aumento da terceirização. Junto a isso, a alta gestão impõe metas de produção que por si só já comprometem a segurança, pois forçam o trabalhador até o último limite.
O lucro acima da vida
Até mesmo do ponto de vista do mercado capitalista é uma política errada o corte de investimentos em saúde, meio ambiente e segurança. Hoje, todos os indicadores que atuam na bolsa, sofrem influência da imagem e da sustentabilidade. As ações de uma empresa caem na bolsa quando ela derrama óleo no mar ou um operador morre em uma obra da empresa.
A própria Petrobrás assume esse discurso. Com a maior franqueza ela diz que se preocupa muito com a segurança e o meio ambiente, porque não se preocupar gera prejuízo. Mas, nem mesmo com esse pensamento puramente de mercado, não é isso que acontece. O capitalismo em si é feito de contradições. No fim, as cifras valem mais do que qualquer coisa, até mesmo que a própria vida do peão.
Encruzilhada
A Petrobrás está em uma encruzilhada, com um endividamento altíssimo, que ameaça a continuidade operacional dela. Produz muito petróleo, mas a dívida só aumenta. A empresa então reduz investimentos, inclusive da parte de segurança, para priorizar o pagamento aos bancos dos juros e amortizações da dívida. Assim, a Petrobrás, como a maioria das empresas, eleva à produção a carga máxima, consciente de todos os riscos.
Lutar é sobreviver
A política de desinvestimento só favorece os grandes acionistas e os donos das gatas que juntos exploram a força de trabalho. Essa situação só é possível de fato mudar com a luta dos trabalhadores. Unidos, podemos enfrentar o desinvestimento, a terceirização, as privatizações e todas as medidas baseadas no aumento da exploração da nossa classe para fazer os capitalistas lucrarem sempre mais.
Acidentes recentes na Petrobrás, em Sergipe e Alagoas
Acidente na sonda SPT57
Na sonda SPT 57, dia 29 de outubro, no campo terrestre de Sergipe, o elevador que movimenta o tubo para colocar dentro do poço se abriu. O tubo caiu de raspão na cabeça do petroleiro terceirizado, do contrato com a Estre. Por pouco esse acidente seria fatal. Inclusive é nesse procedimento onde mais acontecem acidentes na atividade de sondagem, quando o trabalhador movimenta o tubo para alinhar dentro do poço. Muitas vezes acontecem no final da jornada de trabalho, que é de sobreaviso, turno de 12 horas.
Princípio de incêndio na manutenção
Também em Sergipe, um petroleiro sofreu queimaduras em um acidente grave na estação de Siriri, SZ1, na tarde do dia 05/11. A vítima é do contrato de manutenção da Petrobrás com a Conenge. Abaixo da linha onde o trabalhador fazia a solda havia outra linha sem identificação, onde passa um produto químico chamado sequestrante de H2S. Quando caiu pingo de solda na linha, por ser de fibra de PVC, o tubo derreteu.
O líquido imediatamente inflamou e provocou queimaduras de terceiro grau em uma das mãos e de segundo nos braços, no rosto e nas pernas do trabalhador. Próximo a ele tinha outro companheiro de trabalho que ao correr, tropeçou e caiu, mas não teve nada grave, apenas uma escoriação no joelho.
Nos serviços de pesquisas
A empresa Geokinetics GEophysical do Brasil LTDA, que trabalha na pesquisa geofísica para Petrobrás na Sonda S-27, no litoral norte de Alagoas, tem batido o Record de acidentes. Em menos de um mês, do dia 30/09 a 24/10 deste ano, foram seis acidentes, quatro com afastamento e dois sem afastamento. O sinal de alerta já acendeu há muito tempo.
Fonte: Sindipetro-AL/SE ? 11/11/14.