Toda a polarização e florescimento de emoções, principalmente no 2º turno, nos dão, passados alguns dias das eleições, um sentimento de alívio, de que o mal venceu o bem, progressistas derrotaram o retrocesso e por aí vai. No entanto, na prática, o 2º mandato de Dilma Roussef já começou e, se tratarmos dos reais protagonistas desta história, veremos que não é bem assim…
As principais empresas do país ? envolvidas ou não em corrupção ? doaram somas indecentes de dinheiro a ambos os candidatos. Os políticos mais desmoralizados de nossa história ? Collor, Sarney, Maluf, FHC, Cabral ? dividiram-se entre as candidaturas.
As primeiras medidas do governo já demonstram seu caráter – aumentos de juros, da gasolina, da luz, e um provável novo ministro da fazenda proveniente da banca privada, isto é, o lobo ?cuidando? das ovelhas. Justo o que Dilma, na campanha eleitoral, denunciava como medidas impopulares a serem tomadas por Aécio ou Marina. E, quanto às medidas que Dilma anunciava (que já eram por si só uma ?cortina de fumaça?), como a Reforma Política e os Conselhos Populares, sequer sobreviveram uma semana.
Agora, algumas bizarrices, como o imortal José Sarney na Cultura, soam até secundárias. Porque, afinal, mais uma vez são dados todos os sinais que, frente a uma situação econômica mais difícil, o governo vai garantir os lucros do capital em detrimento dos trabalhadores, exatamente como em governos passados. Só o que pode evitar isso é a mobilização.
Aécio e Dilma, como Lula e FHC, como o PT e PSDB, são diferentes entre si. Mas não nos contentemos com as aparências, de mais ou menos políticas ?sociais?. Tratemos dos projetos de governo como um todo, tratemos do conjunto e direção de suas políticas centrais: aí se revela que ambos os ?polos? se submetem à mesma e carcomida classe dominante.
Outra evidência disso é que o governo já anunciou corte no orçamento para pagar a dívida pública (não auditada e formada por interesses privados). Isso significa tirar dinheiro da saúde, educação, transporte, moradia… e entregá-lo para os banqueiros.
O mês de outubro chegou ao final com todo mundo falando sobre um ?país dividido?. No entanto, da verdadeira divisão, que produz todas as demais, fala-se pouco: é entre aqueles que trabalham para sobreviver e os que só vivem da exploração. É a divisão entre a classe trabalhadora e a burguesia. Dessa divisão, e dessa visão e percepção, nem se fala, pois falar será reconhecê-la e contribuir para a educação dos trabalhadores.
A comemoração ilusória do ?Agora é Dilma? não contribui com a classe trabalhadora, pois a desarma para enfrentar e se defender dos ataques que virão com Dilma e que viriam com Aécio.
A realidade dos trabalhadores é uma só: ?Sempre é Luta!?.
Por Coordenadores do Sindipetro-RJ: André Bucaresky, Clayton Coffy, Eduardo Henrique, Natália Russo.
Fonte: Opinião, em Boletim Surgente nº 1294 (13/11/14), do Sindipetro-RJ.