Num momento em que os petroleiros preparam a campanha reivindicatória por um ACT vitorioso, tendo como eixo aumento real e reposição das perdas salariais, a FUP faz o jogo da empresa, aplicando uma traição histórica, e sem precedentes, à categoria petroleira.
Em reunião, na última segunda-feira (26/09), no Rio de Janeiro, FUP e Petrobrás fecharam um acordo (provisório) para antecipar a reposição da inflação pelo IPCA (7,23%). A iniciativa partiu da FUP, que num jogo de cena dá a entender que posteriormente irá dar sequência à luta pelas demais reivindicações. Pelo histórico de traições desta federação governista não é preciso dizer que pelo 9? ano consecutivo irá desempenhar o papel de principal colaborador da empresa/governo para frear e desviar as mobilizações da categoria.
Além de enfraquecer a luta por aumento real dos trabalhadores que diz representar, essa medida dos governistas é uma grande traição às demais categorias que neste exato momento estão em greve, tendo como principal bandeira de luta a exigência de aumento real e pelo melhor índice inflacionário. Os bancários, que já recusaram reajuste de 8%, e os trabalhadores dos Correios, que já disseram não à proposta da patronal de R$ 50,00 linear, acima da inflação, mostram que o caminho para um ACT vitorioso é a luta intransigente pelas reivindicações da categoria. Ao defender a antecipação deste reajuste, baseado no pior índice, a FUP está engessando a campanha salarial, pois fecha um acordo já rebaixado.
DECISÃO DE CÚPULA
A ?reivindicação? pela antecipação do ICV (índice de Custo de Vida) é uma decisão de cúpula. Mais uma vez, a FUP toma a decisão pela base, definindo de cima para baixo o que é melhor para a categoria. Esse ?pleito?, que foi aceito sem qualquer resistência da Petrobrás, não está presente em nenhuma cláusula da pauta reivindicatória enviada pela FUP à Petrobrás. Pauta reivindicatória que, diga-se, não foi sequer votada pelos trabalhadores. Ou seja, a pauta reivindicatória, que em tese deve espelhar o sentimento e anseios da categoria, foi levada à mesa de negociação sem qualquer participação efetiva dos trabalhadores na construção deste documento. Nenhuma Assembléia dos Sindicatos da FUP aprovou esta reivindicação e este acordo.
DIVISIONISTAS
Ironicamente, os mesmos dirigentes que acusam os sindicatos que compõem a Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) de ?divisionistas? são os responsáveis por construir mesas de negociações separadas e calendários de luta distintos. A FNP por diversas vezes chamou os sindipetros da FUP a formarem uma campanha com mesa única de negociação e greve unificada. Entretanto, em nenhum momento a FUP atendeu ao chamado da FNP e ignorou a disposição dos sindipetros do Rio Grande do Norte e da Bahia em construir uma campanha forte.
Este acordo fechado entre FUP e Petrobrás ilustra as razões pelas quais a FUP, até hoje, não se pronunciou sobre a disposição da FNP de construir uma campanha unificada. Disposição que tem como base um anseio de petroleiros de todos os cantos, espalhados nas unidades dos 17 sindipetros.
Por experiência prática, e a história recente comprova isso, sabemos que não é necessário assinar um acordo provisório para recompor a inflação, pois a reposição da inflação é justamente o instrumento usado pela companhia para negar aumento real. Este acordo é uma manobra descarada dos governistas para ajudar o Governo em seu objetivo: aumento real zero e jogar a conta da crise econômica nas nossas costas.
PRÓXIMOS PASSOS DA FNP
Na próxima quarta (28/09) e quinta-feira (29/09), a FNP iniciará as negociações do ACT 2011 com a Petrobrás. No quarta-feira, a partir das 15 horas, serão discutidos temas relacionados a SMS, condições de trabalho, relações sindicais, dentre outros. Já na quinta-feira, em mesmo horário, serão colocadas em discussão as reivindicações sobre salários, vantagens e adicionais, benefícios e AMS. Logo após a negociação, o Sindipetro-LP divulgará o balanço da reunião em seu site oficial, por meio de um vídeo com as impressões dos dirigentes da FNP.
O papel da FNP será justamente se contrapor a esta traição da federação governista. O seu próprio nascimento, ainda em 2006, foi fruto da necessidade de construir uma alternativa de luta para a categoria petroleira, uma direção sem rabo preso com a empresa e com o Governo, seja ele qual for.
Há 16 anos recebemos reajustes apenas com base na inflação. ? preciso reverter esse histórico de perdas. Por isso, não podemos, em hipótese nenhuma, abrir mão da luta intransigente por aumento real no salário básico.