No dia 8 de fevereiro, a Petrobrás concluiu a rodada final de negociações para a venda da Refina Landulpho Alves (RLAM), na Bahia.
O fundo Mubadala Capital, dos Emirados Árabes, arrematou a refinaria por US$ 1,65 bilhão, ou R$ 8,87 bilhões, cerca de 50% abaixo do seu valor, segundo cálculos estimados pelo Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep).
A operação entregará boa parte do mercado de combustíveis do Nordeste a uma empresa estrangeira, gerando monopólio privado, o que contribuirá ainda mais para a alta dos combustíveis no Brasil.
A privatização é a primeira de um total de oito refinarias colocadas à venda pela Petrobrás e representa um crime contra o patrimônio nacional e o povo brasileiro. As 8 refinarias que a Petrobrás colocou à venda representam cerca de 50% da capacidade de refino nacional.
De acordo com o Ineep, a RLAM está avaliada, no câmbio atual, entre US$ 3 bilhões e US$ 4 bilhões. A avaliação utilizou o método do Fluxo de Caixa Descontado (FCD), que se baseia no valor presente dos fluxos de caixa, projetando-os para futuro.
Para se ter ideia da pechincha feita pela Petrobrás ao grupo Mubadala, a refinaria em 2010 estruturou um programa de modernização ao custo de de R$ 3 bilhões.
O coordenador técnico do Ineep Rodrigo Leão afirma que “os dados revelam que a RLAM tem um potencial importante de geração de caixa futura que, a depender das premissas utilizadas, pode estar sendo subvalorizada nesse momento de venda”.
A RLAM refina 31 tipos de produtos, como gasolina, diesel e lubrificantes, em uma área de 6,5 km². A refinaria atende, especialmente, os estados da Bahia e de Sergipe, além de estados do Norte, mas também exporta produtos aos Estados Unidos, Argentina e países da Europa.
Mubadala e seus “parceiros” sem rosto, sem CNPJ e sem CPF
Em negócios pelo mundo, o fundo Mubadala atua em associação com a Shell; sim ela mesma, a multinacional estrangeira mais beneficiada com o desmonte da Petrobrás. Um exemplo disso é o recente anuncio de uma operação em parceria de ambos no Egito, onde foi anunciado no último dia 21 de janeiro a assinatura de um acordo com o governo local para exploração de blocos no mar Vermelho.
Vale lembrar que o fundo Mubadala no passado investiu cerca de US$ 2 bi em negócios de Eike Batista. Dos espólios que recebeu do falido bilionário, que foi preso na Operação Lava Jato, restou ainda a carcaça do histórico Hotel Glória no Rio de Janeiro, que o fundo ainda não conseguiu vender e que está há anos com obras inacabadas.
No Brasil, o que se sabe da Mubadala Capital é que ela é administrada por uma empresa chamada BRL Trust Investimentos Ltda., com sede no tradicional bairro Itaim Bibi, São Paulo, operando com a capitação de fundos, devidamente autorizada pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Para Cidiana Masini, diretora da FNP e vice-presidente do Sindipetro-SJC, a venda da RLAM e a alta dos combustíveis que vemos hoje estão diretamente ligadas. “Para tornar o mercado nacional de combustíveis mais atrativo a empresas estrangeiras, e assim conseguir vender mais facilmente a Petrobrás, o governo precifica os combustíveis com base no dólar”, explica.
“Assim, as grandes estrangeiras do petróleo que comprarem a Petrobrás já entram no mercado brasileiro com os combustíveis em um patamar de preço elevado e favorável a elas. Quem perde é a população. Por isso temos que lutar contra esta política de preços e contra a venda da Petrobrás”, conclui Cidiana.
Com informações: Sindipetro-RJ e Sindipetro-SJC