Setembro Amarelo | Petrobrás precisa realizar ações concretas de prevenção ao suicídio no ACT 2023-2024

Nova gestão da companhia tem o dever de efetivar políticas para frear o adoecimento mental dos trabalhadores, que tem impactado transferidos, vítimas de assédio, aposentados e demitidos em busca de anistia   

 

Em 2019, um levantamento da Organização Mundial da Saúde (OMS) apontou que ocorrem 700 mil mortes por ano no planeta em decorrência do suicídio. Entre 2000 e 2019, a taxa de mortes desse tipo caiu 36% no mundo. No entanto, cresceu em 14% na região das Américas. No Brasil, são estimados cerca de 14 mil óbitos por ano.

A campanha “Setembro Amarelo” existe desde 2013 para conscientizar a sociedade brasileira sobre a prevenção do suicídio. Ela é organizada pela Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM). Neste ano, o lema é “Se precisar, peça ajuda”.

Desde então, diversas empresas e organizações da sociedade civil encamparam essa luta dada a elevada incidência de doenças ocupacionais relacionadas à depressão, ansiedade, estresse e outras variáveis psicológicas, biológicas, sociais e culturais.

O contexto atual, porém, se mostra ainda mais sensível pela quantidade de transformações e eventos globais recentes que a classe trabalhadora tem vivenciado, como a pandemia de Covid-19, ascensão de governos autoritários, a fragmentação e a precarização do trabalho, a desinformação na era das plataformas de redes sociais, entre outros.

 

Petrobrás precisa se comprometer com a prevenção ao suicídio no ACT 2023-2024

Se você perguntar a um petroleiro ou petroleira, se conhece ou tem notícia de algum colega que tirou a própria vida, muito provavelmente a resposta será sim. E com mais frequência essa triste notícia circula nos grupos dos trabalhadores e do movimento sindical.

A gestão bolsonarista, o desmonte da companhia e as privatizações dos últimos anos têm preponderância no adoecimento mental e suas consequências no seio da categoria petroleira.

A Petrobrás realiza algumas ações pontuais para tratar do tema da prevenção do suicídio, como campanhas informativas por meio da Saúde Petrobrás (antiga AMS).

Contudo, há um anseio da categoria e uma demanda já manifestada pelos sindicatos e federações por medidas mais concretas e perenes, já que se observa uma “epidemia silenciosa” de suicídios (assim tratada pelos próprios trabalhadores) dentro do Sistema Petrobrás.

A direção da Federação Nacional dos Petroleiros (FNP) mapeou que as principais as vítimas são os empregados que foram transferidos compulsoriamente; outros demitidos das empresas subsidiárias privatizadas; petroleiros que lutam por anistia; aposentados que sofrem com os equacionamentos da Petros e descontos na AMS; além das vítimas de assédio e perseguição política.

É preciso ressaltar que um grupo específico de trabalhadores foi prejudicado sobremaneira pela gestão bolsonarista. Os empregados das unidades da Petrobrás no Nordeste foram vítimas diretas do desmonte da companhia na região. Muitos daqueles que foram transferidos à revelia se encontram ainda hoje em estado de vulnerabilidade e adoecidos mentalmente.

 

Veja abaixo as demandas urgentes que a Petrobrás precisa resolver a cada grupo com medidas já no ACT 2023-2024:

 

  • Empregados transferidos – essa situação é uma “bomba-relógio” em se tratando da saúde mental e suas consequências. Eles foram retirados dos seus locais de origem, atacados em suas identidades, afastados das famílias. Não é possível que a Petrobrás aguarde que esses trabalhadores adoeçam ainda mais até se tornarem “casos críticos”. É preciso uma solução emergencial imediata. A FNP cobra o teletrabalho integral para esses empregados, de modo que eles possam voltar para as suas unidades de origem (no caso do Nordeste, alguns prédios inclusive precisam ser reabertos). E que também seja possível o registro de ponto nos prédios mais próximos de suas casas. Essa demanda coaduna amplamente com a expectativa de todos os empregados da área administrativa. Teletrabalho mais flexível, já!

 

  • Aposentados – eles contribuíram a vida toda para ter uma aposentadoria digna. Agora, com os descontos abusivos na AMS e os equacionamentos da Petros, estão passando sérias dificuldades financeiras. Muitos, inclusive, são provedores de toda a família. Precisamos de soluções para AMS e Petros!

 

  • Vítimas de assédio moral ou possíveis vítimas – esse é um caso típico. A pessoa fica anos sem nível, sendo desprestigiada, desvalorizada e o gerente ainda a segura no local. Com tratamento injusto e perseguição, o trabalhador adoece e fica sem saída, se sente preso e atacado em sua dignidade. É preciso que esses casos, ainda que sem comprovação de assédio, tenham prioridade nas transferências. A gestão bolsonarista adoeceu muitos trabalhadores dessa forma. É preciso que a empresa dê proteção ao denunciante de assédio no ACT 2023-2024, melhore as comissões e se comprometa com o afastamento dos gestores assediadores.

 

  • “Anistiandos” e sem anistia – esse grupo de trabalhadores demitidos do Sistema Petrobrás aguarda que a holding e as suas subsidiárias os reincorporem imediatamente aos seus quadros, uma vez que ainda que há o déficit de empregados na força de trabalho, já reconhecido pela própria Petrobrás.

Está gostando do conteúdo? Compartilhe!

Share on facebook
Facebook
Share on twitter
Twitter
Share on linkedin
LinkedIn
Share on whatsapp
WhatsApp