Sobre os últimos resultados do Plano Petros 2

Vivemos uma grande crise econômica mundial. No Brasil, o relatório de mercado do Banco Central indica que o PIB deverá diminuir 4,41% neste. Já para a economia mundial, segundo o FMI, a retração será praticamente a mesma, 4,4%. No início da pandemia estas previsões eram muito mais pessimistas, sendo modificadas principalmente após as aplicações de políticas fiscais para combater os efeitos econômicos da doença.

Esta crise também atingiu em cheio os fundos de investimentos, aí incluso os fundos de pensão. Em março, o pior mês para todos os fundos de pensão, a retração dos ativos das Entidades Fechada de Previdência Complementar (EFPC) foi de 6,4% – segundo dados da Associação Brasileira das Entidades Fechadas de Previdência Complementar (Abrapp). Naquele mesmo mês, o Plano Petros 2 (PP-2) fechou com uma retração de 11%.

Mas já há uma recuperação nos ativos do Plano. Como podemos ver no Gráfico 1, novembro já é o primeiro mês com um acumulado do ano (de janeiro de 2020 até o mês de referência) com número positivo, de 1,5%.

No entanto, este número ainda está muito abaixo da meta atuarial, que para o acumulado até novembro é de 8,1%. Como o próprio documento sobre a rentabilidade da Petros explica, a meta atuarial é o número que “prevê o rendimento necessário para que o plano possa fazer frente a seus compromissos de longo prazo”. Ou seja, mesmo entrando no campo positivo, ainda é um número preocupante, pois está 6.6 p.p. abaixo do patamar necessário para garantir os pagamentos de longo prazo.

O principal responsável pelo desempenho ruim neste ano foram os ativos de renda variável, o rendimento mais sensível às oscilações da economia. No acumulado do ano a queda neste tipo de investimento (que compõe 28,5% da carteira do plano) foi de 8,5%.

Como dissemos anteriormente, a rentabilidade está ainda muito abaixo da meta atuarial. De janeiro até novembro apenas em cinco meses a rentabilidade superou a meta atuarial, mas ainda muito longe de compensar a diferença, principalmente nos meses de fevereiro e março, os quais juntos faltaram 15 p.p. para alcançar a meta. O mês de novembro também representa uma recuperação porque a meta foi superada em 4,1 p.p. – como podemos ver no Gráfico 2.

Um último aspecto que chama a atenção é que a Petros teve um desempenho pior do que a das EFPCs de modo geral. Como podemos ver no Gráfico 3, a partir dos dados da Abrapp (o qual o dado mais atualizado é o de setembro) e da Petros, o conjunto dos planos fechados no país teve um desempenho melhor (ou menos ruim) do que a Petros, principalmente nos meses de fevereiro e março.

No acumulado até setembro de 2020, quando o PP-2 ainda amargava um decréscimo de 1,3%, as EFPCs no seu conjunto já tinham tido um crescimento de 1,7%. Ainda para setembro, a diferença entre a rentabilidade real e a meta atuarial destes planos era de 4,74 p.p., enquanto que o da Petros era de 9,4 p.p.

Em síntese, podemos ver que há uma recuperação no PP-2, refletindo a melhora dos mercados financeiros em geral. No entanto, a recuperação ainda é menor do que a dos outros planos fechados no país, e o gap entre a rentabilidade e a meta atuarial ainda é muito elevado, tendo que ser posteriormente superado para que os compromissos de longo prazo possam ser pagos sem aportes extras.

*Eric Gil Dantas, economista do Ibeps e doutor em Ciência Política.

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